Estamos desenvolvendo futuros profissionais globais?

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Por Germano Glufke Reis*

Um levantamento recente com gestores de mais de 100 multinacionais, realizado pela ERC Mundial – empresa especializada no desenvolvimento de profissionais globais –, identificou que mais de 95% dos respondentes consideram que saber atuar em outras culturas é um aspecto muito importante para o sucesso de seus negócios. De fato, empresas de diferentes portes (pequenas, médias e grandes) estão, em sua grande maioria, inseridas em cadeias produtivas globais e desenvolvem negócios internacionais.

Empresas brasileiras têm, inclusive, adquirido ou implantado subsidiárias no exterior demandando profissionais que saibam adaptar-se e operar em outras culturas. Por essa razão, desenvolver competências para a atuação internacional dos profissionais é um tema relevante. Mas… será que nossos alunos têm procurado fortalecer tais competências?

Esse foi um dos pontos investigado por uma pesquisa realizada pela equipe interacadêmica do Eixo RH na Academia, da ABRH-PR, em parceria com a Diferencial pesquisa. Foram ouvidos 2027 alunos de 11 instituições de ensino superior (IES), em Curitiba, entre outubro de 2015 e maio de 2016; os estudantes eram de cursos de graduação e de pós-graduação (especializações e MBAs) das áreas de administração/gestão, contabilidade e engenharia. O objetivo da iniciativa foi gerar conteúdos e insights de impacto, que contribuam com a atuação das IES, promovendo melhorias e avanços contínuos na formação dos estudantes da região.

Com relação ao tema em questão, constatou-se que pelo menos 30% dos estudantes de Curitiba pretendem atuar em uma empresa multinacional; o que certamente irá demandar que estejam, muito em breve, prontos para interagir com profissionais e clientes de outras culturas. Além disso, 87% aspiram muito ter uma posição de liderança, posição que irá demandar, em muitos casos, que o profissional seja capaz de interagir com fornecedores, clientes, subordinados e pares de outros países e culturas.

Esses argumentos sustentam a ideia de que seria interessante o investimento no fortalecimento de competências internacionais e interculturais por parte dos alunos, em seu processo de formação.  Assim, perguntou-se a eles em que medida planejam ter experiências internacionais, como forma de investir no seu desenvolvimento pessoal e profissional.

Os resultados indicaram, no geral, um saldo positivo, pois 64% dos respondentes têm uma forte intenção de ter experiências internacionais em sua formação. Contudo, um número expressivo dos alunos (36%) ainda dão importância apenas razoável ou baixa a esse tipo de experiência.

Foi, então, checado em que medida o anseio por trabalhar em multinacionais se relaciona ao projeto pessoal de ter uma experiência internacional. Foram comparados alunos que pretendem trabalhar em multinacionais com os que não pretendem (figura abaixo).

ABRH-PR - artigo1.1

Surpreendentemente, os dois grupos alcançaram um escore médio de 3,7 para a intenção de ter experiência internacional; ou seja, os alunos que desejam atuar em multinacionais apresentaram resultado similar aos alunos que não têm esse objetivo. Seria de se esperar que os alunos que pretendem atuar em multinacionais tivessem maiores aspirações quanto a ter uma experiência no exterior do que os demais. É possível que, no momento, ainda não percebam claramente a urgência de desenvolverem competências internacionais.

A seguir, analisou-se em que medida a intenção de investir em desenvolvimento internacional relaciona-se ao patamar de renda familiar dos alunos. Observou-se que a intenção ter experiência internacional é discretamente maior entre os alunos com maior poder aquisitivo. Contudo, de forma geral, o nível dessa intenção é bastante similar nos diferentes estratos de renda, uma vez que os escores gravitam de 3,6 a 4,1 (numa escala até 5). Dada a importância do tema e a aspiração da amostra de atuar em posições de liderança (além de que muitos alunos almejam trabalhar em multinacionais), avaliamos que a predisposição para investir em experiência internacional é, ainda, relativamente tímida.

Finalmente, analisaram-se os escores em função de tipo de curso (figura abaixo).

ABRH-PR - artigo2.1

Observa-se que os alunos dos cursos de graduação em engenharia têm a maior propensão a investir em experiência internacional (escore médio 4,2), seguidos pelos alunos de administração/gestão/contábeis (escore 3,5). Para nossa surpresa, os alunos de pós e MBAs (escore 3,3) são os que têm menor intenção de planejar uma experiência internacional como forma de complementar a sua formação profissional. É possível que, por já terem vínculo de trabalho, o projeto de experiência internacional seja bem mais difícil de implementar, inibindo a sua presença nos planos dos estudantes de pós e MBAs. Esse fato sugere que é interessante considerar, para esse público, estratégias de desenvolvimento de competências internacionais criativas e inovadoras que não demandem o afastamento de suas atividades profissionais.

Com base no exposto, acreditamos que a temática do desenvolvimento de competências internacionais é uma janela de oportunidades para as IES. Apesar de sua importância, os resultados sugerem que não é um tema prioritário no radar de muitos alunos. Desse modo, sua conscientização quanto  à relevância de desenvolver tais competências (e de expor-se no cenário internacional) parecer ser um tema que ainda pode ser mais explorado. Nesse sentido, recomendamos que o tópico seja continuamente trabalhado pelas IES participantes, promovendo a sensibilização sobre a sua relevância para a atuação do futuro profissional.

Sobretudo, é interessante pensar em alternativas de menor custo.  Assim, acreditamos que explorar o tema em disciplinas específicas, promover convênios e alianças com IES estrangeiras, palestras de profissionais globais, experiências interculturais dentro do Brasil e a parceria com instituições como a AIESEC possam ser alternativas atraentes.

*Germano Glufke Reis é professor da Escola de Administração de Empresas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador do Comitê Editorial do Eixo RH na Academia da ABRH-PR

 Fonte: http://www.abrhbrasil.org.br/cms/materias/artigos/estamos-desenvolvendo-futuros-profissionais-globais/Clique aqui e conheça os serviços da Labore Saúde Ocupacional

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