Análise Ergonômica do Trabalho é obrigação para a saúde ocupacional da empresa

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Se você não estiver familiarizado com o termo, ele pode até assustar. Mas conheça a fundo por que fazer análise ergonômica do trabalho é uma obrigação para a saúde ocupacional da empresa

Análise ergonômica do trabalho. Olhando assim, o termo assusta, não? Mas você não precisa ser médico nem trabalhar na área de saúde para saber que se trata de um assunto importantíssimo para a saúde ocupacional da sua empresa.

O que é, então, a análise ergonômica do trabalho?

Qual a função dela para o dia a dia dos colaboradores da sua empresa?

Se bem realizada, quais dores, figurativas e literais, ela pode evitar que apareçam para todos envolvidos na linha de produção?

Em uma tentativa simples de definição, a AET (sigla para Análise Ergonômica do Trabalho) é uma avaliação feita no local de trabalho para analisar as condições às quais os colaboradores estão expostos no dia a dia. Se ainda não ficou claro, pode ser coisa como:

  • Riscos na utilização de maquinário
  • Avaliação de luminosidade e ruídos do local
  • Avaliação de temperatura do local
  • Maneira como transportes de cargas ou objetos são feitos
  • Posicionamento de mesas, cadeiras e computadores dos colaboradores
  • Condições ambientais nos postos de trabalho
  • Posição de trabalho diário
  • Exigência e estresse mentais no dia a dia
  • Umidade relativa e, acredite!, até mesmo a velocidade do ar

Esses são alguns exemplos. Mas, se aplicados na prática, abrem um leque muito grande de possibilidades para os colaboradores de uma empresa. E, consequentemente, se não forem observados de perto, um leque igualmente extenso de problemas que podem aparecer relacionados à saúde ocupacional e à segurança do trabalho.

Tente imaginar as seguintes situações:

  • Um colaborador que desenvolva uma dor lombar por carregar uma carga de maneira incorreta
  • Um colaborador que desenvolva problemas auditivos por ficar diariamente exposto a uma máquina ou ambiente barulhentos demais sem a devida proteção
  • Um colaborador que não tenha uma cadeira adequada para se sentar ou um computador posicionado de maneira correta
  • Um colaborador que viva gripado porque a sala na qual ele trabalha seja congelante
  • Um colaborador entregue a um ambiente de trabalho sem cuidados de limpeza e higiene que sigam um padrão aceitável

Tudo isso pode levar a eventos pessoais para cada um deles. Coisas que gerarão problemas de saúde, uma das principais preocupações que a empresa deve ter no cuidado com esse setor. E, consequentemente, absenteísmo, ou seja, ausência no trabalho por períodos que podem variar bastante.

Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, 18,5% da população adulta do Brasil sofre com doenças crônicas na coluna. Desses, 21% das mulheres e 15% dos homens indicam que o desconforto é na lombar. O número absoluto chega a 27 milhões de pessoas.

Outro número reforça essa amostra e a traz para o mundo corporativo: 90% dos trabalhadores que se afastam das empresas fazem isso por problemas osteomusculares (relacionados a ossos e/ou músculos) ou sofrimento mental, segundo dados da Previdência Social.

Não está satisfeito? Então, grave esta informação: a dor nas costas é a principal causa de afastamento no trabalho. No mundo, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), é o segundo motivo pelo qual as pessoas procuram um médico, atrás apenas da dor de cabeça.

É justamente aí que a análise ergonômica do trabalho tem de atuar. Se bem feita, as chances de ao menos minimizar boa parte dessas ocorrências cresce demais.

Tudo depende, claro, de uma sintonia entre o empregador e o empregado, que tem de ter cuidados essenciais. Mas se uma das pontas dessa corda não estiver fortalecida, ela vai acabar estourando.

Para se ter uma ideia de como hoje existe a percepção de que essa parceria não funciona tão bem assim, uma pesquisa feita pela Towers Watson, empresa americana líder global em consultoria, apontou que 26% das pessoas no Brasil sentem que não têm suporte das empresas para as quais trabalham. Nos Estados Unidos, o número é levemente superior: 27%.

 

O que a análise ergonômica do trabalho pode evitar

Muito bem, você já sabe qual é o conceito da análise ergonômica do trabalho. Já sabe, também, onde ela age e que tipos de problemas pode evitar para a saúde dos funcionários. Sabe como ela tem de caminhar lado a lado com uma boa gestão de saúde ocupacional.

Mas que tipo de problema administrativo pode ser evitado na sua empresa caso isso esteja em dia? Veja se concorda com estes:

  • Diminuição do absenteísmo. Ou seja, menos faltas dos colaboradores no dia a dia e, pior, por longos períodos
  • Diminuição ou até mesmo eliminação de multas, já que a Norma Regulamentadora (NR) 17 do Ministério do Trabalho define regras e sanções para controlar isso (falaremos mais sobre ela abaixo!)
  • Diminuição ou até mesmo eliminação de processos trabalhistas. Um colaborador que não tenha a saúde prejudicada pela rotina de trabalho não terá isso como motivo para acionar sua empresa judicialmente
  • Prevenção de acidentes de trabalho
  • Diminuição na taxa de rotatividade de pessoal. Seja por problemas de saúde ou insatisfação, trocar constantemente a equipe nunca é positivo, gera custos e traz prejuízo
  • Diminuição do retrabalho, ou seja, de ter de fazer a mesma coisa duas vezes. Segundo o pesquisador francês Henri Savall, essa taxa cai até 50% com uma ergonomia atuante e bem aceita pela equipe

Além disso, evidentemente, se tudo estiver correndo por trilhos lisos e sem obstáculos, outros benefícios que normalmente não enxergamos no dia a dia começarão a ser evidentes:

  • Aumento na satisfação dos colaboradores, já que, estando bem, podem trabalhar melhor, sem reclamações e restrições
  • Aumento no bem-estar desses colaboradores, que percebem a preocupação que a empresa tem em manter  condições boas
  • Imagem da empresa dentro e fora dela. Acredite: pessoas conversam sobre isso entre si e fora do ambiente de trabalho. Esse “marketing positivo” só traz efeitos bons

 

Dá para fazer alguma coisa no dia a dia?

Sempre dá! Além de manter as condições ideais com uma análise ergonômica do trabalho bem feita e atualizada, existem algumas medidas que podem ser aplicadas para melhorar a qualidade de vida de todo mundo envolvido na sua empresa.

O que você acha desses tipos de ações?

  • Ginástica laboral: tem gente que não gosta, mas, se dinâmica e bem realizada, no setor correto, certamente ajudará na manutenção da saúde e do bom humor
  • Ambientes convidativos para uma pausa: tomar um café, beber uma água, comer uma fruta ou sanduíche ou até mesmo parar para responder ao WhatsApp por alguns minutinhos não matam ninguém (muito pelo contrário)
  • Reconhecimento: há quem diga que isso mexe mais com a parte psicológica, mas aplica-se o mantra “mente sã, corpo são”. Se o colaborador se sentir valorizado, vai sempre trabalhar melhor. Ou seja: elogie e parabenize; se possível, em público!
  • Criação de benefícios que incentivem atividades particulares ou em grupo: não apenas ginástica laboral, mas um programa de controle de peso, de atividade física, de relaxamento ou complemento fora do horário de trabalho
  • Investir em palestras especializadas, que eduquem os funcionários sobre eventuais problemas e, principalmente, a maneira de evitá-los e tratá-los

Resumindo: combater o sedentarismo e oferecer instalações de trabalho modernas, confortáveis e sugestivas não são benefícios apenas para quem trabalha para você. São benefícios, também, para você, direta e indiretamente.

 

Ergonomia para o seu bolso

Já foi dito acima e você deve ter percebido que, em um mundo ideal onde tudo o que foi listado acontecesse, sua empresa – e, consequentemente, você – vão economizar dinheiro com uma análise ergonômica de trabalho aliada a uma gestão de saúde ocupacional atuante.

Além de não gastar com algumas das coisas listadas (multas de fiscalização e processos trabalhistas), não perder tempo com outras (sofrer com falta de funcionário, perder um colaborador já treinado para ter de contratar outro “cru”, ter de fazer a mesma coisa duas vezes) e manter um ambiente saudável de trabalho, isso se reverte em ganhos.

Como? Bem, um funcionário sem problemas, bem treinado e motivado trabalha mais e melhor. Rende mais no dia a dia e, assim, produz mais. Uma pesquisa publicada pela revista “Exame” mostrou que grandes empresas chegaram a contabilizar ganhos de US$ 4 (R$ 14,72, na cotação de 17 de maio de 2018) para cada US$ 1 (R$ 3,68) investido em ergonomia.

Você pode até não enxergar ou pegar essa grana na mão, mas acredite: de uma maneira ou outra, ela voltará para a sua conta bancária – ou, então, não terá saído dela.

 

O que diz a Lei sobre análise ergonômica do trabalho

Por fim, depois de tanta teoria, exposições e dicas, claro, a análise ergonômica de trabalho é um item ao qual a legislação trabalhista do Brasil dá muita atenção. Ainda mais agora.

O ambiente de trabalho precisa atender a muitas exigências relacionadas à ergonomia, regulamentadas pela NR17, do Ministério do Trabalho e Previdência Social. Independentemente do tamanho da empresa e do número de funcionários, todo mundo está sujeito a fiscalizações e, consequentemente, a multas.

Mas, no “juridiquês”, o que diz a tal NR17, Lei n° 6.514/77 – Portaria n° 3.751/90, então? Vamos lá: diz que “estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação de análise ergonômica do trabalho por parte de todas as empresas que admitam empregados que estejam sujeitos a riscos ergonômicos”. Ufa!

Principalmente agora, com a implantação do eSocial. O novo sistema vai coletar informações e cruzá-las em um sistema digitalizado. Também aumentará, automaticamente, a possibilidade de detectar falhas e vacilos com esses tipos de procedimentos.

Recentemente, publicamos um texto bastante amplo sobre o eSocial, que você pode conferir clicando aqui.

A Lei também exige que essas análises ergonômicas sejam realizadas por um profissional especializado, com conhecimento e capacitação técnica adequados, certificado pela Associação Brasileira de Ergonomia. Por isso, também, a contratação de uma empresa que faça a gestão da saúde ocupacional anda lado a lado.

Caso a sua empresa seja fiscalizada e não faça nada para resolver eventuais problemas ligados à falta de ergonomia adequada, será notificada e terá um prazo para apresentar documentos e uma solução para a regulamentação da situação.

Se isso não for cumprido, prepare o seu bolso:

As multas podem ser de R$ 6.704,45 a R$ 80.970, calculando-se o valor das análises das NRs 17 a 28, de fiscalização e penalidades.

 

Resumo da história…

Todo mundo conhece aquele velho provérbio, cuja origem é atribuída aos portugueses (que foram muito espertos nessa, há de se dizer): é melhor prevenir do que remediar.

Análise ergonômica do trabalho e gestão de saúde ocupacional são essenciais para manter a saúde em alta e em dia. Em todos os sentidos na sua empresa.

Parte da fórmula do sucesso passa pelo fato de olhar os seus colaboradores e funcionários e vê-los todos os dias entrando e saindo da companhia. Sem faltas, ausências, insatisfação,  problemas de saúde ou fazendo fofoca porque não se sentem valorizados.

Para colocar um sorriso no seu rosto, tenha uma coisa em mente: é preciso, também, colocar um sorriso no rosto de cada um deles.

 

Fonte: Rh Health

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